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Arquivo : Marcelo Boeck

Goleiro da Chape guarda mensagens do grupo por aniversário antes da viagem
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Alexandre Praetzel

Marcelo Boeck é um dos goleiros da Chapecoense. Aos 32 anos, comemorados no dia 28 de novembro, Marcelo não embarcou com a delegação para Medellín, porque havia pedido dispensa para comemorar o aniversário, em Chapecó. Convivi com Marcelo no Inter, desde sua ascensão ao profissional, em 2005. Em entrevista ao blog, Marcelo relembrou a convivência e os bons momentos com os companheiros de clube. Leia abaixo.

Momento mais lembrado com o grupo

“Sempre é o convívio. É aquilo que faz a gente ser o melhor grupo, a melhor pessoa, porque esse grupo não convivia só na hora dos treinos, jogos, concentrações, mas convivia fora de campo. Hoje, quando acontece uma tragédia dessas, é muito fácil falar que o grupo era especial, maravilhoso e tal, porque a gente tem esse sentimento, mas na verdade era isso que acontecia por causa desse convívio, respeito, alegria. Confesso que só consigo comparar o grupo do Inter de 2006, o tanto convívio que tivemos fora de campo. Seja aniversário dos filhos, almoço, janta, seja as esposas, os filhos, tudo aquilo que envolve. Tinha um grupo de jogadores que marcou uma viagem de férias para Punta Cana, tamanho era a afinidade e intimidade do grupo. Então, são aqueles momentos que a gente tem uma conquista, estamos juntos, mas depois que acaba o jogo, também estamos juntos fora de campo. Esse é o momento mais lembrado do grupo. O meu momento pessoal é porque segunda-feira eu estava de aniversário e antes deles embarcarem no voo, todos me mandaram as felicitações e os parabéns pelo meu aniversário e eu vou ter isso guardado sempre. Não vou apagar, não vou sair do grupo, vou manter essas mensagens porque essas lembranças que eu quero ter deles. Uma lembrança de alegria, de respeito e de uma grande amizade. Para mim, é essa imagem”.

Convivência num time que estava na sua melhor fase

“Aqui na Chapecoense encontra-se um grupo de pessoas que tiveram história no futebol e queriam ajudar esse clube a se tornar uma potência no Brasil. Outros que viveram uma fase pior nos últimos anos e a Chapecoense deu uma nova oportunidade e jovens que queriam aparecer no cenário nacional. Todos com o mesmo intuito e com o mesmo objetivo. Muitos deles vivendo o melhor momento das suas vidas, já com pré-contratos assinados com grandes clubes, renovações, permanências, fazendo com que a Chapecoense chegasse no melhor momento da história. Esse convívio fazia com que todos aqui tivessem uma motivação, um foco muito grande e uma empolgação de fazer, não só o clube, mas essa cidade que se envolve e merecesse essas conquistas. Era um grupo que muito fez e muito ficará marcado por causa disso”.

Reconstrução da Chape

“Eu particularmente, vejo a reconstrução como uma parte daqueles que ficaram. Acho que se Deus deu uma oportunidade para cada um nós ficar por aqui, é primeiro para não deixar esquecer o legado deixado por aqueles que partiram, fazer lembrar sempre. Para aqueles que virão para cá, a reconstrução de um elenco, um clube, todos têm que saber que para vir para a Chapecoense é com esse perfil de uma humildade, abraçando o projeto, a idéia do clube, fazendo com que você se enquadre dentro desse projeto e não o clube dentro de um projeto pessoal. Mas muito da comunidade, dos outros clubes do Brasil, acho importantíssimo. Lembro que na Europa, nos nove anos que eu estive lá, o Borussia Dortmund teve um momento em que iria decretar falência, iria fechar. Já foi campeão da Champions, é a maior média de público do mundo nos estádios e o Bayern Munique, maior rival deles, foi lá e pagou todas as dívidas. Isso fez com que o Borussia Dortmund hoje pudesse jogar até finais novamente, ter jogadores que têm, ser o que é hoje também. A gente se compara muito à Europa e queria ser como a cultura, os princípios europeus hoje, esse momento da Chapecoense é um grande momento para isso. Fazer com que o clube não seja rebaixado nos próximos três anos, emprestar jogadores, dar a solidariedade, apoio e o consolo necessário para que esse clube, de tão pouco tempo e cresceu dessa maneira, agora consiga receber todo esse apoio e se manter aqui”.

Marcelo pretende seguir na Chapecoense e trabalhar pela reconstrução do clube.


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