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A tristeza em ver o abismo do futebol europeu sobre o nosso. Outro esporte
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Alexandre Praetzel

Todos que me acompanham sabem que gosto muito de futebol, principalmente, o futebol bem jogado. Não sou resultadista e gosto de observar o trabalho dos profissionais, antes de tirar conclusões precipitadas. No momento, sou um crítico do futebol brasileiro. A bola está sendo mal tratada. Contamos nos dedos, quantos jogos muito bons, conseguimos ver em 2017. E aí me deparo com o que acontece na Europa. É outro esporte.

Óbvio que o abismo financeiro entre os continentes nos transformou em exportadores de bons pés de obras, enquanto ficamos com o restante. Mas nessas “sobras”, há gente boa e sempre vai haver porque ainda conseguimos produzir em quantidade, mesmo com as más e péssimas gestões e interesses na base e nos times de cima.

Agora, dá um desânimo comparar um grande europeu com um do mesmo porte no Brasil. Ontem, parei para ver Manchester City e Napoli, pela Champions League. Ainda, acompanhei Real Madrid e Tottenham também. Napoli e Tottenham são médios europeus, mas surrariam qualquer gigante brasileiro. Não só pelos nomes, mas muito mais pelas formas de atuar, com desenhos táticos bem desenvolvidos em relação aos trabalhos dos nossos treinadores.

Ah, mas eles têm os melhores à disposição, é o papo diário por aqui. Nem sempre. Vemos times pequenos com propostas de jogo, dentro das suas condições técnicas, muito superiores a grandes da Série A. Paramos no tempo. Paulo Autuori falou aqui neste espaço que o futebol jogado no Brasil é fraco. E está coberto de razão. Quem não enxerga isso, está na contramão da história.

Por exemplo, depois do banho europeu, fui ver Boa Esporte e Inter, pela Série B. Uma pelada do tamanho do Rio Grande do Sul. O Inter viajou de voo fretado, teve uma semana para treinar e mostrou um futebol de quinta categoria. Tem um elenco com folha salarial de R$ 7 milhões e tinha obrigação e elenco para derrotar o Boa, que não treinou de sábado até segunda, indo direto para o jogo. Estou falando de um dos 12 grandes brasileiros. E surgem desculpas de todos os lados. Nossos técnicos não apresentam nenhuma novidade. Há um protecionismo aos atletas, que desempenho hoje não faz muita diferença. O que importa é o ponto ganho. É muito pouco.

Vi e convivi com ótimos jogadores e dirigentes, mas é preciso um debate geral sobre o futebol que se pratica nos primeiros escalões. Se não, nossos campeonatos perderão interesse, cada vez mais. E isso passa necessariamente pela CBF, exclusivamente preocupada com a Seleção Brasileira.

Mas será que os presidentes dos principais clubes estão preocupados? Eles ficam nos cargos durante seis anos, no máximo. Jogam tudo por títulos, mas lavam as mãos quando questionados sobre o modelo atual. Em 2018, o calendário começa dia 17 de janeiro, com os Estaduais, em meio à Flórida Cup, pré-Libertadores e Libertadores da América. Em São Paulo, a Federação convenceu os dirigentes com gordas cotas de transmissão e ninguém critica o aperto de datas. E assim segue, com um declínio técnico ano a ano e com a maioria dos futebolistas culpando o imediatismo, as análises da imprensa e a pressão dos torcedores nas redes sociais. Não enxergam o problema num todo.


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