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Arquivo : entrevista

Felipe Melo se acha maior que o Palmeiras. E a direção permitiu isso
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Alexandre Praetzel

Felipe Melo foi reintegrado ao Palmeiras e deu entrevista coletiva sozinho, sem a presença de ninguém da diretoria. Foi um ato estranho. Um jogador afastado, disparando algumas pérolas, com os símbolos dos patrocinadores ao fundo. Vai lá e responde, pareceu a combinação. E o conteúdo foi ruim. A declaração mais constrangedora foi: “Um cara que tumultuava o elenco, digamos, você tirou a laranja podre e a tendência é voar, ganhar os jogos que vêm pela frente, as competições. Infelizmente, não foi isso que aconteceu. Então, o problema não é o Felipe”, afirmou.

Felipe acha que não errou, mesmo depois do áudio onde desclassificou o técnico Cuca. Deveria mostrar humildade e um pingo de arrependimento para seguir seu trabalho, normalmente. Internamente, se esperava um discurso de pedido de desculpas, deixando a Instituição sempre em primeiro plano. Felipe se mostrou soberbo, tendo que se explicar depois, via redes sociais. Tudo mal planejado. Não acredito que alguém da direção tenha gostado do produto final.

Há uma semana, o presidente Maurício Galiotte homenageou os jogadores da Academia do Palmeiras de 1972, no aniversário do Clube. Uma foto dos craques campeões daquele ano, de 72 a 2017. Uma justa celebração, onde ali se viu um esquadrão espetacular, onde ninguém se achava maior que o Palmeiras.

Felipe Melo deveria conhecer essa história e conversar com aqueles ex-atletas, super vitoriosos e respeitosos com o Palmeiras. Talvez, ele aprendesse a não se achar maior que o Verdão. E Galiotte poderia ter evitado esse constrangimento. Estamos em setembro, e o Palmeiras não para de acumular polêmicas. 2018 já deve ser bem pensado para evitar inúmeros erros.


Treinadores x Imprensa Esportiva. Um debate sem fim
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Alexandre Praetzel

Uma entrevista coletiva virou um embate entre entrevistador e entrevistado. Os repórteres têm uma pergunta, quando conseguem fazê-la, diante de um profissional que fica atrás de uma mesa, como se estivesse esperando um massacre. No último sábado, após Corinthians e Vitória, vimos o confronto entre o técnico do Vitória, Vágner Mancini, e o repórter Felipe Garraffa, da Rádio Bandeirantes de São Paulo.

Garraffa puxou números equivocados do jogo e fez seu questionamento em cima disso. Mancini deu uma resposta áspera e apelou para o time que o repórter torce ou não. Todo mundo tem o direito de perguntar o que quer e deve estar preparado para o que vier do outro lado.

Neste caso, na minha humilde opinião, os dois lados erraram. O colega insistiu numa informação errada. Quando se fala em números, é bom mostrá-los com exatidão, porque a chance de erro é enorme. Mancini poderia ter desconstruído a questão, valorizando o resultado em Itaquera e a quebra da invencibilidade do líder do Brasileiro. Preferiu o ataque e o xingamento, como ficou provado mais tarde, em áudio vazado.

Enviei uma mensagem a Mancini, com a liberdade e o respeito que sempre tive com ele, achando sua postura exagerada. Ele me respondeu. Leia abaixo.

“Boa tarde Praetzel! Aceito sua opinião. A coletiva já tinha terminado, quando aceitei que ele fizesse mais perguntas. Não achei que fui exagerado, ele toda hora me interrompia, isso tornou o clima mais pesado, mas procurei manter a linha e deixar a minha impressão. Não quis ser deselegante ou arrogante, e sim, preciso. Ele foi tendencioso. Grande abraço”, respondeu Mancini.

Depois, fui acompanhar a repercussão nas redes sociais. Fiquei impressionado com o massacre ao Felipe Garraffa e os cumprimentos ao Mancini. Houve comemoração e aplausos, como se Mancini tivesse derrotado um inimigo dos torcedores. E o ódio reina absoluto. Nós, jornalistas, somos vistos como adversários por grande parte dos técnicos, jogadores e consumidores. Ninguém é dono da verdade e cometemos erros diários, mas o extremismo passou dos limites.

Semana passada, conversando com empresários ligados ao futebol, eles me revelaram que vários treinadores estavam indignados com as críticas a Jair Ventura, pela reclamação à chegada de estrangeiros no futebol brasileiro. Muitos técnicos se sentem perseguidos pela mídia e pelo fato de muitos comentaristas e jornalistas não acompanharem o dia-a-dia de trabalho. Eu, particularmente, aceito essa visão, mas também contesto a infalibilidade da categoria, sempre disposta a debater pouco e ironizar quem tem capacidade para questioná-los.

É preciso melhorar a relação. Até porquê, jornalistas nunca poderão ser técnicos de futebol, mas treinadores podem virar comentaristas, mesmo que eles critiquem e odeiem grande parte da imprensa esportiva.

 


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