Blog do Praetzel

Kaká foi grande jogador e ídolo no Milan. Raí foi maior no São Paulo

Alexandre Praetzel

Kaká se despediu dos gramados, nesta semana. Lembro do Rio-São Paulo de 2001, quando ele surgiu para o Brasil, marcando os dois gols do título são-paulino na vitória sobre o Botafogo. Tinha técnica, velocidade e poder de conclusão. Saiu cedo para a Europa e por oito milhões de dólares foi vendido ao Milan, em 2003. O São Paulo aceitou a quantia para não perdê-lo de graça. Hoje, na mesma situação, Kaká valeria 30 milhões de dólares, no mínimo. Na época, ainda não se negociava em euros. Pelo menos, com os clubes brasileiros.

Kaká jogou muito em Milão e foi campeão da Champions League e melhor do mundo, em 2007. Conquistas merecidas pelo que Kaká jogou naquela temporada. Em 2009, foi para o Real Madrid, mas nunca repetiu a performance do Milan. Enriqueceu, mas sofreu com as lesões e acabou ficando muito caro até para os madrilenhos, pelo custo-benefício. Voltou para o Milan e depois foi repatriado pelo São Paulo, durante a Copa do Mundo de 2014. Cobri sua apresentação de ídolo no Morumbi, com grande presença da torcida. Teve um desempenho razoável e contribuiu para o São Paulo chegar à Libertadores da América.

Em 2015, desembarcou no Orlando City e foi curtir a Major League Soccer, como grande nome e símbolo de uma construção de equipe. Cumpriu seus três anos de contrato e parou.

Na Seleção Brasileira, disputou três Copas do Mundo. Foi campeão em 2002, integrando o grupo, mas não conseguiu ser protagonista quando já era realidade nas outras duas Copas, com o Brasil caindo duas vezes nas quartas-de-final. Em 2010, atuou no sacrifício, como ficou comprovado depois. Uma carreira muito legal, sem dúvida.

Ontem, me perguntaram quem jogou mais: Kaká ou Raí? E quem foi mais ídolo no São Paulo?

Considero como critério para definir quem foi mais ídolo, a bola, títulos e história no clube. Assim, no São Paulo, Raí sobrou com um Brasileiro, cinco Paulistas, duas Libertadores da América e um Mundial de Clubes, batendo o grande Barcelona e com gol na decisão. Kaká ganhou o Rio-São Paulo e ficou três anos como profissional, somando as duas passagens. Sem comparações.

Kaká foi gigante no Milan, assim como Raí no Paris Saint Germain, guardadas as diferenças de grandeza entre as duas equipes. Os dois foram campeões mundiais pela Seleção, mas Raí chegou a ser titular e até capitão do time, perdendo a vaga e o posto, ainda na primeira fase do Mundial de 1994.

Então, para resumir. Raí entraria no meu time do São Paulo de todos os tempos. Kaká, quem sabe, na terceira formação.

Como jogadores, foram excelentes. Kaká está lá no hall da fama dos ganhadores da Bola de Ouro. Teve um currículo superior na Europa, mas ainda acho que Raí foi superior. Por muitos anos, vi e ouvi o debate se Raí jogou mais que Sócrates, seu irmão e craque. Talvez, não. Mas muito próximo. E Sócrates jogava muito mais que Kaká.

Opiniões à parte, deixo meus cumprimentos a Kaká, pela sua trajetória. Gostaria que ele continuasse jogando, mas a hora de parar só cabe a quem viveu grandes momentos dentro de campo.