Falcão vê Totti tão grande quanto ele na história da Roma
Alexandre Praetzel
O fim de semana passado foi marcado pela despedida de Francesco Totti da Roma, no último domingo. Numa cerimônia espetacular, com forte comoção da torcida e público presente no Estádio Olímpico, Totti deu adeus ao time que defendeu por 25 anos. O blog entrevistou Paulo Roberto Falcão, considerado o ''Rei de Roma'', a respeito do tamanho de Totti para a Roma e sua trajetória no clube, onde Falcão começou na Europa, em 1980. Confira.
Foste o Rei de Roma. Teu impacto na Roma foi superior à trajetória do Totti?
''São momentos diferentes, épocas diferentes. Quando cheguei, a Roma estava tentando crescer. Tinha ganho um Scudetto nos anos 40 e era uma torcida que não estava acostumada a ganhar. Quando cheguei lá, o mercado estava fechado desde 1968. Na minha entrevista de apresentação, em 80, com vários correspondentes brasileiros, perguntei a eles o que tinham achado da entrevista? Era uma esperança que estava chegando para Roma. Se conhecia pouco da Roma. O falecido Araújo Neto me elogiou e disse que eu tinha cometido um erro ao dizer que estava vindo para ser campeão. Mas eu vinha de um time campeão e tinha esse penamento. Apostei um jantar que ganharia um título e cobrei a aposta. Era uma Roma com poder financeiro bem inferior a Juventus, Inter e Milan. A estrutura da Roma começou a ser grande naquela época. No primeiro ano, fomos vice-campeões porque nos tiraram o campeonato na marra com a arbitragem. Fui campeão da Copa Itália em 81 e fomos campeões italianos em 83 e vice-campeões europeus em 84, contra o Liverpool, na primeira vez que a Roma disputou a Liga dos Campeões. Não conhecia o Totti. Falei com ele há poucos anos, quando lançaram meu filme por lá. Como jogador, foi um dos melhores que eu vi. Qualidade do passe, arremate. Não dá para caracterizar quem foi o mais importante. Nós começamos a construir uma Roma que foi reconhecida pela Europa. O time campeão de 2001, com Capello de treinador, foi construído com muito poder econômico. Contrataram o Batistutta. Aquele time era muito caro com Cafu, Aldair, Antonio Carlos Zago, Montella, Batistutta, Candela, Emerson. Os dois têm a sua importância. Feliz que conseguimos as mesmas coisas''.
O que significa mais na história de um clube. Serviços prestados ou títulos conquistados?
''Acho que as duas coisas. Títulos, tu não conquistas sozinho. Serviços prestados tu podes fazer sozinho. Bruno Conti disse que eu levei mentalidade vencedora para a Roma. Fui importante no vestiário. Tinha convicção que nós tínhamos um bom time. Isso foi o mais importante. Mostrar que poderíamos ser campeões''.
Qual o melhor time da Roma em todos os tempos?
''Cafu, Aldair, Vierchowood, Maldera, Totti, Ancelotti, Toninho Cerezzo, o austríaco Prohaska, Bruno Conti, Pruzzo e Batistutta são nomes que não podem faltar. Eu gostaria de treinar este time''.
O fato de teres enfrentado grandes craques, tornaram tua passagem mais representativa?
''Acho que não. O Totti seria um extraordinário jogador na nossa época, assim como eu seria nos dias atuais. Eu jogava mais pelo campo inteiro, diferente do Totti, que jogava mais do meio para frente. Totti foi injustiçado por não ter ganho uma bola de ouro da Fifa. Não é porque a Roma não tenha conseguido ganhar a Liga dos Campeões, que Toitti não merecia ganhar o prêmio. Foi um grande jogador''.