Ele era técnico mais jovem do Brasil há 11 anos , mas ainda busca afirmação
Alexandre Praetzel
Dado Cavalcanti chamou a atenção do futebol brasileiro em 2006, quando foi campeão rondoniense com a Ulbra. Na ocasião, tinha apenas 24 anos. Era o técnico mais jovem do país. O tempo passou e Dado acumulou trabalhos em mais 14 clubes, acreditando nos desafios e no amadurecimento constante. O blog o entrevistou com exclusividade e apresenta as ideias e pensamentos atuais de alguém que ainda é muito jovem para a função. Leia abaixo.
Carreira
''Já tenho dez anos no futebol profissional com 35 anos. Nos próximos dez, terei 20 anos de carreira e serei considerado jovem. Passei por várias equipes de massa, empresas, e isso moldou um pouco minha personalidade como treinador. No cenário da Série B, tenho uma certa afirmação, porém falta para mim uma conquista em nível nacional para eu subir um degrau e chegar na Série A''.
Dificuldades no Brasil
''Eu tive muita dificuldade no início pela idade. Hoje não prejudica mais. O que tem atrapalhado mesmo são as mudanças rápidas de convicções. Terminam com uma derrota e geram mudanças quando o treinador está envolvido. O resultado muda tudo no planejamento do futebol brasileiro''.
Relação com atletas
''No meu início a minha idade era menor que a média de idade do grupo. Nunca tive problemas de vestiário. Sempre tratei tudo de forma profissional. O jogador entende, desde que o comandante se comporte bem, independentemente de idade, nível intelectual, raça. Trabalho em cima de um espelho. Tive excelentes relações com os mais velhos e trabalhei com vários medalhões. Nunca tive problemas. É até mais fácil porque a relação acaba sendo tranquila porque eles já sabem o que querem. Isso ajuda mais o treinador na filosofia de trabalho. Alex, Deivid e Lincoln no Coritiba. Lúcio Flávio no Paraná. Magno Alves no Ceará. São exemplos destas relações''.
Acadêmicos X Ex-jogadores
''Não vejo disputa. Acho comparação boba. O mercado tem espaço para todos. Basta ter competência. O acadêmico terá que buscar vivência de jogo para diminuir o conhecimento dos ex-profissionais. Vale o mesmo para ex-jogadores. Existem profissionais que não são nem um nem outro. Cito o Marcelo Cabo do Atlético-GO, que veio do futsal e é vitorioso''.
Náutico
''Bateu na trave nas duas últimas Série B. Tem boa organização, CT e dá boa condição de trabalho. Talvez falte um pouquinho de organização para se firmar na Série A. Está muito próximo de chegar e podemos ter o acesso este ano''.
Estilo de jogo
''Eu migrei um pouco. Trabalhei muito no começo em transição com intensidade, atuando em velocidade. Foi assim com o Mogi-Mirim e Paraná Clube. Agora, adoto o jogo apoiado com passes mais curtos, triangulações, posse de bola, circulações até chegar nos laterais. Migrei pelo estilo de equipe que eu peguei. Quando cheguei a times mais protagonistas, precisei mudar, em 2014''.
Técnico referência
''Quem me inspirou foi Cláduio Coutinho(técnico da Seleção Brasileira na Copa de 1978 e campeão brasileiro pelo Flamengo em 1980). Não acompanhei o trabalho dele, mas foi percursor em várias coisas. Peguei muitas coisas dele. Posteriomente, me espelho nos vitoriosos. Hoje, muitos se espelham nos europeus, mas no Brasil temos uma referência que deve ser seguida como o Tite, técnico da Seleção''.
15 times em 11 anos
''Se avaliarmos o número frio, podemos dizer que são muitos clubes. Se avaliarmos a média no Brasil, onde um técnico sobrevive três meses e meio em cada clube, acho uma média razoável. Se avaliarmos só o final, ficamos longe do contexto. Em 2014, foi o único ano onde passei por três clubes no mesmo ano. Nos outros, fiquei praticamente um ano em cada clube''.
Sonho
''Ser campeão brasileiro da Série A. É o ápice para um profissional''.
Dado Cavalcanti está com 35 anos e retornou ao Náutico. O time pernambucano irá disputar o Campeonato Pernambucano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Série B do Brasileiro.